Os Apiaká formavam um povo numeroso e guerreiro quando a frente da borracha atingiu a porção meridional da Amazônia, em meados do século XIX. Após confrontos localizados com os colonizadores, os Apiaká tornaram-se seus aliados, embora mantivessem as guerras de vingança contra povos indígenas vizinhos ao longo de todo o século XIX (saiba mais em Histórico do contato). A elaborada cultura material e a bela decoração corporal dos Apiaká impressionaram a Hercules Florence, desenhista da Expedição Langsdorff, que visitou aldeias apiaká nos rios Arinos e Juruena em 1828 e produziu importantes registros textuais e imagéticos sobre o povo.
Sugestivamente, a toponímia do norte mato-grossense, oficializada no início do século XX, consagra a ocupação tradicional do povo Apiaká, batizando com seu nome uma serra, dois rios e um município.
Em meados do século XX, os Apiaká foram considerados extintos por dois importantes etnólogos, Darcy Ribeiro e Curt Nimuendaju. No entanto, os Apiaká, a despeito da longa e intensa convivência com os Kaiabi e os Munduruku, jamais deixaram de se ver e de serem vistos como povo diferenciado. Apesar dos massacres, das epidemias, da catequização e do abandono governamental, os Apiaká resistiram como coletividade e elaboraram uma complexa interpretação sobre o passado que norteia sua luta política por um futuro mais justo.